segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Tipos de Anticoncepcional: Qual o melhor para você?

Ginecologista esclarece como funciona cada tipo de pílula anticoncepcional


As pílulas anticoncepcionais são um dos métodos preferidos das mulheres na hora de se prevenirem contra a gravidez. Existem diversos tipos diferentes e o que faz bem para uma pessoa nem sempre faz bem para outra. Os efeitos variam especialmente por causa dos hormônios. “Pílulas anticoncepcionais são medicamentos compostos por hormônios sintéticos parecidos com os hormônios naturais estrogênio e progesterona, produzidos pelos ovários”, explica a ginecologista Marilda Plácido, professora da Faculdade de Medicina de Petrópolis (FMP/Fase).

Existe uma quantidade enorme de pílulas, muitas similares entre si, com a mesma composição, mas de laboratórios diferentes e com preços que também variam, e existem também medicamentos genéricos. Mas como agem no corpo Yasmin, Diane 35, Selene e outras marcas usadas pelas mulheres?

Se você sofre com dor de cabeça

Sentir o incômodo no período de adaptação, correspondente aos três primeiros meses, pode ser considerado normal. Se após esse tempo as dores permanecerem, é aconselhável trocar de pílula. Contudo, caso você já sofra de dores fortes e constantes ou tenha diagnóstico de enxaqueca, nenhum contraceptivo oral reverterá esse quadro.
> Mais indicadas Pílulas sem estrôgenio, apenas com progesterona levonorgestrel ou noretisterona (Cerazette e Micronor).
> Por quê O estrogênio tem ação vasoconstritora, agravando a dor em quem já a tem.

Se você sofre com pele e cabelo oleosos

Comemore. Após três meses de uso, a maioria das pílulas melhora o aspecto da pele e do cabelo. Se você, porém, possui glândulas sebáceas superativas, que deixam sua pele brilhante feito prataria de madame, dois tipos de progesterona sintética poderão ajudá-la.
> Mais indicadas Pílulas com gestodeno (como Mirelle, Gynera, Femiane e Tâmisa 20), com drospirenona (Yaz, Elani Ciclo e Yasmin) ou, quando há quadro severo de acne, com ciproterona (Diane 35 e Selene).
> Por quê Possuem efeito antiandrogênico, que regula a oleosidade da pele e reduz o surgimento de cravos

Se você sofre com tensão pré-menstrual

Bem-vinda ao clube. Segundo um estudo do Centro de Pesquisa em Saúde Reprodutiva, da Unicamp, com 860 mulheres, 80% sofrem ou já sofreram com a maldita tensão pré-menstrual. Logo, nada mais conveniente do que utilizar a pílula para combater esse mal (seu namorado e seus colegas de trabalho agradecem).

> Mais indicadas Pílulas com drospirenona (Yaz, Elani Ciclo e Yasmin) ou anticoncepcionais de uso prolongado, que podem ser usados sem pausa para a menstruação (Cerazette, Nortrel e Micronor).
> Por quê Possuem leve efeito diurético, evitando inchaço e dores nas mamas. Também reduzem o nervosismo, a irritação e a melancolia típicos da TPM.
Se você sofre com retenção de líquido
Você não enfiou o pé na jaca no fim de semana. Mesmo assim, sem motivo aparente, aquele jeans skinny não fecha durante a semana. Efeito da retenção hídrica, que se agrava principalmente na TPM e aumenta o peso na balança sem significar que você engordou. Trata-se apenas de um depósito de água que precisa ser drenado. Alguns anticoncepcionais auxiliam nessa missão.
> Mais indicadas Pílulas com drospirenona (Yaz, Elani Ciclo e Yasmin).
> Por quê Bloqueiam os receptores do corpo que estimulam a reabsorção de água.
Se você sofre com varizes e vasinhos

Suas pernas denunciam que você tem tendência ao problema? Ou sua mãe evita usar saias por causa disso? Nesses casos, o melhor seria optar por uma pílula apenas à base de uma progesterona sintética que comprovadamente interfira o mínimo possível no sistema vascular.
> Mais indicadas Pílulas com levonorgestrel (Cerazette, Kelly e Micronor).
> Por quê O estrogênio sintético aumenta o risco de trombose em mulheres com tendência.

Se você sofre com baixa libido

Questão controversa. Alguns médicos juram que a pílula não interfere diretamente na libido e que, por estarem livres do risco de engravidar, as mulheres até passariam a curtir o ato sexual com mais tranquilidade. Contudo, nós sentimos na pele como a grande maioria dos medicamentos promove, sim, uma queda no fogo. E muitos estudos comprovam isso. Os hormônios sintéticos aumentam a quantidade de uma proteína do organismo, chamada SHBG, que tem como função se unir à testosterona livre no sangue. Ao se ligar às proteínas, esse hormônio masculino (que faz você pensar em sexo tanto quanto um homem) tem seu nível diminuído. E o mesmo acontece com sua vontade de sexo. Além disso, as pílulas anticoncepcionais mantêm os níveis hormonais estáveis durante todo o ciclo, já que inibem a ovulação. Se antes você tinha picos de testosterona na fase pré-ovulatória, com a pílula tudo permanece sempre no mesmo patamar: o do marasmo. Conselho dos médicos: trocar de medicamento
>Mais indicadas Pílulas com clormadinona (Belara).
> Por quê Ela é composta de um tipo de progesterona que aumenta bem pouco os níveis da proteína SHBG no corpo.

Se você sofre com síndrome do ovário policístico

Os sintomas são chatos e visíveis, como acne, oleosidade excessiva da pele, irregularidade menstrual e presença de pelos grossos em locais onde geralmente a mulher não tem, como costas, glúteos e laterais do rosto. A pílula muitas vezes é indicada como tratamento, independentemente da contracepção.
> Mais indicadas Anticoncepcionais com ciproterona (Diane 35 e Selene).
> Por quê Atenua a ação do hormônio androgênico no corpo, responsável pela regulação da oleosidade, da produção de pelos grossos e da queda de cabelo.

Listamos algumas das pílulas mais conhecidas e a ginecologista falou um pouco sobre cada uma delas. Confira:

Diane 35

Melhora a acne e o excesso de pelos. É uma cartela com 21 comprimidos e sete dias de intervalo.

Elani Ciclo

Possui um tipo de progestágeno que se aproxima muito do natural, por isso tem menos efeitos colaterais. Também ajuda a melhorar acne e excesso de pelos. É uma cartela com 21 comprimidos e sete dias de intervalo.

Yasmin

Assim como a Elani Ciclo, possui progestágeno que se aproxima do natural e tem menos efeitos colaterais. Também é uma cartela com 21 comprimidos e sete dias de intervalo.

Yas

Possui menos estrógeno na composição. A cartela tem 24 comprimidos e são quatro dias de intervalo.

Selene

Tem a mesma composição e efeitos que a pílula Diane. É uma cartela com 21 comprimidos e sete dias de intervalo.

Siblima

A dosagem de estrógeno é menor, por isso são mais comprimidos. A cartela vem com 24 e são 4 dias de intervalo.

Diminut

Possui uma dosagem hormonal mais baixa. É uma cartela com 21 comprimidos e sete dias de intervalo.

Mercilon

É uma cartela com 28 comprimidos de uso contínuo e a mulher não menstrua. A dosagem de estrógeno é mais baixa.

Tamisa

Tem a mesma composição que a Siblima. A dosagem de estrógeno pode ser de 20 ou 30, dependendo da resposta da paciente. Quando a dose é muito baixa, algumas pessoas apresentam sangramento, por isso precisa aumentar. É uma cartela com 21 comprimidos e sete dias de intervalo.

Cerazette

Não é uma pílula combinada, possui apenas progestágeno. Ideal para quem tem risco de tromboembolia, como as fumantes. É de uso contínuo, a cartela tem 28 comprimidos e a pessoa não menstrua.

Allestra 20 ou 30

Assim como a Tamisa, possui dosagens diferentes de estrógeno, dependendo do caso de cada paciente. É uma cartela com 21 comprimidos e sete dias de intervalo.


Métodos contraceptivos



A Dra. Marilda Plácido explica que a pílula pode conter progestágeno isolado ou associado a estrógeno (a chamada pílula combinada). A dose de estrógeno varia em cada tipo de pílula, sendo recomendado atualmente a utilização de pílulas com 35mcg ou menos deste componente, devido ao menor risco de efeitos colaterais, principalmente fenômenos tromboembólicos, infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral, tromboses em geral, etc, aumento da pressão arterial, etc. Já o progestágeno é variado, tendo efeitos diferentes. Há o acetato de ciproterona (Diane 35, Selene, Diclin, Artemidis, etc), indicado para mulheres que têm acne, por exemplo; o levonorgestrel (Microvlar, Nordette, Level, etc) que tem uma ação ruim sobre o perfil lipídico, podendo elevar o colesterol e o LDL, o “mau” colesterol, mas é o que tem menor risco de potencializar os fenômenos tromboembólicos do estrógeno; o gestodeno (Allestra, Micropil, Siblima, Tâmisa, etc) e o Desogestrel (Mercilon, Primera,etc), que têm melhor ação sobre o perfil lipídico; a Drospirenona (Yasmin, Yas, Yume, Elani, etc), e diversos outros.

Além do anticoncepcional, não se esqueça da camisinha. Ela previne contra DSTs.


 “No período de amamentação, até o sexto mês após o parto, se o bebê estiver com amamentação exclusiva ao seio, a pílula combinada não deve ser utilizada, pois o estrógeno pode alterar a qualidade e a quantidade do leite, nesse caso o indicado é uma pílula só com progestágeno, como Cerazette, por exemplo”, recomenda.

Devido ao risco de efeitos colaterais e a todas essas especificidades dos vários componentes, a pílula deve ser prescrita por médico, que vai avaliar cada caso, quanto a riscos á saúde da mulher, contra-indicação ao uso da pílula, dose de estrógeno e tipo de progestágeno a ser prescrito. “A pílula pode ser usada ininterruptamente ou com pausa entre as cartelas. As de uso contínuo podem ser todas com hormônio e, nesse caso a mulher não irá menstruar, ou podem conter placebo (substância inerte) no período correspondente á pausa e, nesse caso a mulher irá menstruar. As pílulas que têm pausa podem ter 21, 22 ou 24 comprimidos e as pausas variam de 7, 6 ou 4 dias, respectivamente”, explica.

Os principais benefícios, além da contracepção, são o controle do ciclo menstrual, a redução do fluxo e, consequentemente do risco de anemia, redução da dismenorreia  (cólica na menstruação), redução do risco de câncer de ovário, etc.

Pílula engorda?

Quanto ao ganho de peso, a ginecologista diz que as pílulas podem causar um aumento de dois a três quilos. Caso ocorra um ganho maior, é necessário uma investigação clínica pois, geralmente, alguma outra causa está associada.

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